Angola possui um rico patrimônio de lendas e histórias transmitidas oralmente ao longo das gerações. Uma das mais conhecidas é a Lenda da Kianda.

A Kianda é uma figura mítica aquática, frequentemente associada a uma sereia, que habitaria as águas próximas à costa de Luanda, especialmente a Praia do Bispo. Ela é vista como uma divindade das águas, capaz tanto de trazer boa sorte e riqueza quanto de causar infortúnios, dependendo do seu humor e das ações dos humanos.

A história mais comum sobre a Kianda conta que:

Um homem pobre e triste caminhava pela praia quando a Kianda surgiu das ondas e lhe perguntou o motivo de sua tristeza. Ele explicou que desejava ajudar sua família e amigos, mas não tinha meios para isso. Compadecida, a Kianda lhe ofereceu um grande tesouro, com a condição de que ele o usasse para ajudar os outros.

Inicialmente, o homem ficou feliz em poder auxiliar as pessoas ao seu redor. No entanto, com o tempo, a riqueza o corrompeu, tornando-o egoísta e ingrato. Observando essa mudança, a Kianda ficou profundamente decepcionada. Como lição, ela fez o tesouro desaparecer tão repentinamente quanto havia aparecido, deixando o homem novamente na pobreza.

Outras variações da lenda contam que:

• A Kianda pode enfeitiçar os homens, prendendo-os para sempre no fundo do mar.
• Pescadores costumam fazer oferendas à Kianda para garantir uma boa pesca e proteção no mar.
• Acredita-se que cada corpo d'água, como rios e lagos, pode ter sua própria Kianda, mas a rainha de todas as Kiandas reside no mar.

A Lenda da Kianda, assim como outras lendas angolanas, desempenha um papel importante na cultura, transmitindo valores, ensinamentos e a visão de mundo do povo angolano. Ela reflete a conexão das pessoas com a natureza e a crença em seres espirituais que podem influenciar o cotidiano.