Precisei fazer um transplante, ou melhor, um enxerto. Uma área do meu cérebro ficou danificada após um acidente e foi removida. O neurologista sugeriu um enxerto, posto que, a pesquisa sobre transplante de cérebros permanecia inconclusa.
O doador sofreu um infarto fulminante, a família doou os órgãos. Eu fui contemplada com o cérebro do rapaz. Um jovem médico.
Passei um bom período hospitalizada. Vários dias em coma induzido, terapia nutricional oral e centenas de fraldas.
Felizmente não houve rejeição ao enxerto, tive alta e voltei para minha casa.
Durante muitas semanas tive acompanhantes. Enfermeiras e cuidadoras.
Divorciada e sem filhos, aposentada por tempo de serviço, uma vidinha tranquila, cuidando de plantas, fazendo exercícios com um personal trainer, viajando e escrevendo crônicas para um futuro livro.
Um acidente interrompeu a rotina e me transformou em outra pessoa.
continua