xepa
badala o sino da igreja,
avisando o meio-dia.
o carrinho sacoleja
levando a mercadoria.
os feirantes anunciando,
os preços foram baixados,
os fregueses saem buscando
os produtos propalados.
por volta das duas horas,
outros tipos de freguês,
são senhores e senhoras
que vivem em escassez.
a fome é um tormento.
as famílias alimentam,
da xepa tiram o sustento.
com a xepa se contentam.
muito triste constatar
que um país tão colossal
só produz para exportar.
‘balança comercial’.
há desperdício, também,
na estrada mal cuidada.
e nos pratos, sempre alguém
deixa comida largada.
em nossa vidinha privada,
importa o nosso umbigo,
depois da porta trancada
todo o resto é inimigo.
com a xepa eu comecei
esse versejar bisonho,
finalizando, direi
igualdade apenas sonho.