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Sua estratégia era deixar para os outros os pepinos e abacaxis que surgiam, dedicando-se à preservação da própria imagem, de bom moço, cumpridor dos seus deveres, patriota e modesto. Passava mais tempo montado em sua ‘bike’ motorizada (e barulhenta) do que sentado na cadeira de governante. Adorava trilhas, ralis e enduros, bem como passeatas que arrastavam multidões de ciclistas, charretes, jipes e outros veículos improvisados. Importava seguir o líder ...

O país cada vez pior das pernas, balança comercial desbalanceada, acordos internacionais interrompidos, um desprestigio enorme para o país que já chegou a ser a sexta economia mundial. E o governante ‘tava nem aí’ pros conselheiros e os críticos do governo.

Com muita insistência dos seus ministros mais relevantes, permitia entrevistas coletivas, acesso da imprensa e aparições públicas. Fazia uso constante das redes sociais para falar diretamente com seus fieis seguidores. Nestas falas dizia que a imprensa produzia noticias falsas ou ‘fake News’, sobre ele, seu governo e sua família.

Para piorar a situação, uma peste importada avançou pelo território nacional, adoecendo e matando milhares de pessoas, país afora... Foram dois anos de debates sobre como solucionar a crise de saúde pública. Uma vacina foi anunciada por um laboratório no exterior; foram necessários meses de negociação para sua adoção. Finalmente, após três anos a peste foi debelada. Tudo parecia voltar à normalidade, tudo voltando a funcionar. Uma das novidades que demonstrou bastante aceitação foi a invenção o ‘home office’. Uma das medidas para evitar o contágio, depois foi institucionalizada. Esta inovação ocasionou uma grande alteração nos hábitos das pessoas, nas empresas, comércio e vários outros serviços.

Neste período de governança ‘carismática’ foi constatado que aumentou o numero de miseráveis no país, pessoas passando fome, produtos escasseavam e encareciam. Todavia não havia revoltas entre a população, uma ou outra greve se manifestava. “Tudo como dantes no quartel de Abrantes”.

Porém tomou forma, relevância e publicidade o trabalho de um conselheiro da justiça – deve-se esclarecer que este conselho era independente do governo, embora o governante pudesse escolher um membro na vacância de um cargo no conselho, por aposentadoria, morte ou desistência do ocupante. Do conselho faziam parte também um procurador da República e um advogado geral da União, ambos eleitos por seus pares, cabendo ao governante nomeá-los. Geralmente o governante acatava os mais votados. Estes servidores costumavam ser ‘pedras no sapato’ do governante em alguns assuntos do desinteresse deles.

Pois bem, alguns seguidores do líder governante passaram a implicar com o tal conselheiro; principalmente o gabinete doméstico. Denúncias começaram a pipocar e eram acatadas pelo severo conselheiro. E a coisa ficou séria.

CONTINUA

daguinaga
Enviado por daguinaga em 17/03/2024
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