UM DIA
Vasculho as gavetas em busca de uma conta, ou melhor, do recibo do pagamento. Estava sendo cobrada e até ameaçada de parar na lista negra dos maus pagadores.
Paguei, sei que paguei, dizia para mim mesma enquanto avaliava cada um dos numerosos papéis que almofadavam a gaveta que eu batizara de ‘standby’.
Seria melhor conferir aquela cartinha delicadamente ameaçadora e verificar a data da tal conta em cobrança. Claro, referia-se a uma conta de anos passados, o recibo não poderia estar na gaveta junto aos recibos deste ano.
Tenho dezenas de caixas onde guardo recibos dos últimos cinco anos, separados em envelopes para cada emitente da conta: energia, telefonia, água, cartão de crédito, dentista, plano de saúde, IPVA etc. etc.
Vou à caixa referente ao ano da conta cobrada e pasmem: o tal recibo não estava no envelope referente àquele emitente.
Guardo a caixa junto às demais, fecho a gaveta vasculhada, abro a geladeira, pego uma cerveja e ligo TV. Amanhã será outro dia.