andarilhando com as letras
conto contigo
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Textos
Tempestade
Desligo o computador e a TV Online. Meto-me debaixo das cobertas. Faz frio. Cubro a cabeça com o travesseiro.
E os brados retumbantes no céu da minha pátria são incessantes.
Pela fresta da persiana pipocam relâmpagos os estrondos são cada vez mais fortes e próximos.
Estou no meio do conflito entre os adeptos de Kadhafi e seus opositores.
Há muita fumaça e eu não enxergo ou deve ser a chuva em grande volume despencando do céu. Algumas ou muitas gotas batem na vidraça da janela e me parecem ou são tiros das metralhadoras.
E os irmãos do Yemen se juntam aos da Syria, aos da Jordãnia e aos do Egito carregando seus mortos baleados pelas tropas da polícia e do exército dos tiranos.
E os palestinos jogam pedras nos soldados de Israel que respondem com mísseis. E um raio caiu bem próximo, os vidros tremeram e a luz apagou e acendeu três vezes.
Ouço blindados. Um barulho infernal. Bombas explodem no Iraque e no Afeganistão e um soldado francês foi morto recentemente.
Horrível mandar filhos para a guerra dos outros.
E o bombardeio continua do céu para a terra e da terra para o céu. Assim na Terra como no Céu, amém. Em cima do meu telhado e me faz lembrar dos fogos de Ano Novo na praia de Copacabana no Rio de Janeiro que assisti pela janela. O que todo mundo acha lindo, mas eu não acho porque é uma barulheira dos infernos e muita fumaça e cheiro de pólvora, cheiro de guerra.
O céu parece estar caindo na minha cabeça. Eu acho que adormeci e acordo encharcada em sangue. Esfrego os olhos.
Que susto! Deixei parte da janela entreaberta e a chuva molhou os pés da minha cama. Que merda! Não foi um sonho. A guerra e o terror se espalharam pelo mundo.
E os americanos brincam de cabo de guerra com o Orçamento deles.
E a presidenta do Brasil viaja para fazer negócios com a China.
Raios! Um rapaz rejeitado matou crianças de uma escola por vingança.
Parou de chover, mas a guerra continua lá no estrangeiro. E na Costa do Marfim o cara não quer largar o governo. Mais tiros e mortes.
Vou com o Raulzito: parem a Terra que eu quero descer!
daguinaga
Enviado por daguinaga em 09/04/2011
Alterado em 29/08/2014
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